terça-feira, 2 de junho de 2009

Sociedade civil cobra mais participação na criação do novo currículo do ensino médio

O Conselho Nacional de Educação precisa de fato pensar na estrutura de implantação e implementação do novo Ensino Médio. De nada adiantará se o CNE criar novas técnicas, pedagogias, estruturas se os Estados que são responsáveis por este nível de ensino não tiverem condições para a nova empreitada, aumentar a carga hóraria com qual objetivo? ensinar mais conteúdo que não são postos em prática cotidiana? criar mais uma estrutura sem qualidade? as boas intenções são louváveis, mas destas como todos dizem o inferno tá cheio.
01/06/2009 - 20h22 - Da Agência Brasil - Amanda Cieglinski
Representantes de diversas entidades da sociedade civil reuniram-se nesta segunda-feira (1°) em audiência pública para discutir o projeto de reforma do ensino médio proposto pelo MEC (Ministério da Educação). A ideia é reformar o currículo e a organização do ensino médio público. O parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação) sobre o projeto chamado de "ensino médio inovador" deveria sair até 4 de junho, mas o conselheiro responsável pela relatoria, Francisco Cordão, adiou a votação para julho.Segundo Cordão, o prazo foi ampliado porque é necessário receber "mais contribuições" de secretarias de Estados, entidades, alunos e professores sobre o projeto.Os representantes de diversos movimentos ligados à educação e juventude presentes na audiência cobraram uma maior participação da sociedade na construção desse novo modelo e uma ampliação do período de discussão. O MEC quer implantar o projeto já em 2010.A representante do Conselho Nacional da Juventude, Maria Virgínia de Freitas, defendeu que a proposta precisa "respeitar e valorizar a diversidade da juventude". Segundo ela, os jovens precisam ser incorporados de maneira ampla ao debate. Uma das medidas do projeto amplia a carga horária de 2,4 mil horas para 3 mil horas letivas. Na avaliação de Virgínia, isso pode prejudicar uma parcela considerável dos estudantes."Muitos jovens já estão no mundo do trabalho. Nós temos que pensar em como inserir esse modelo na realidade diversa dessas pessoas, senão vamos atender só a alguns", afirmou.A secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, afirmou que a pasta pretende realizar oficinas nas escolas para ampliar a participação de toda a comunidade escolar. Ela ressaltou que a proposta não pretende "inventar a roda". "As experiências que já existem serão levadas em consideração, nós não vamos impor nenhum modelo", disse.Outro fator dificultador para implantar o novo currículo em 2010, apontado por alguns participantes, é a formação dos professores. O projeto prevê que o atual modelo da grade curricular, dividido em 12 disciplinas tradicionais, seja substituído por quatro eixos mais amplos. Os alunos também devem ter um mínimo 20% de disciplinas optativas dentro do currículo. Para os representantes dos professores, as atuais licenciaturas não formam docentes para esse modelo.
Responsabilidade dos Estados
Como o ensino médio é responsabilidade das redes estaduais de ensino, as secretarias de educação é que vão decidir se aderem ou não à proposta. O MEC ficará responsável por dar apoio técnico e financeiro aos projetos. Ainda não está definido o número de escolas que vão participar do projeto nesse primeiro momento. Inicialmente, seriam cem unidades.A representantes do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Aida Monteiro, apontou que os Estados precisam ser amplamente ouvidos. "Nem sempre as secretarias estão preparadas para absorver essas mudanças. Para ampliar a carga horária é preciso ampliar contratações, rever a questão salarial", enumerou.O diretor de concepções e orientações curriculares de educação básica do MEC, Carlos Artexes, disse que o debate começa no CNE, mas em seguida será ampliado para todo a comunidade escolar. Segundo ele, o MEC vai respeitar a autonomia das secretarias de educação.Nesta terça-feira (2), os conselheiros se reúnem novamente para discutir o projeto. Até 15 de junho o CNE recebe sugestões sobre o projeto. As propostas podem ser enviadas via internet para o email liaricci@mec.gov.br.

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