segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A reorganização escolar see/sp: passado, presente e futuro

Há 20 anos, ainda com 19 anos, com pouco conhecimento de rede, escola. Vivenciei talvez o declínio de nossa escola pública estadual. Havia a promessa de que com essas mudanças o foco seria a qualidade do ensino, que as escolas ganhariam espaços apropriados por conta da necessidade de repensar os locais de aprendizagens vinculados a cada grupo de estudantes e seus respectivos segmentos de ensino. A escola em que trabalhava tinha ensino fundamental anos iniciais e finais, ensino médio, magistério e classe especial. Por conta da pouca experiência e ainda em formação não entendia porque as pessoas literalmente choravam. A insatisfação tomou conta do local de trabalho, as lamentações eram de todas as partes e de todos os tipos.
Passados 20 anos, ainda com a lembrança presente, chego a conclusão que essa reorganização não mudou em nada em relação ao olhar e perspectiva pedagógica. Os estudos contudo nos mostraram que o único beneficio foi a economia em todos os sentidos. Com isso enxergamos diariamente nossa escola pública a caminho do fracasso. Não é um olhar derrotista, face que nunca desisti dos meus objetivos como educador. Mas educação é algo pensado sempre no coletivo. Mas as decisões sempre são de ordem individualizada. Nesse caso apenas o governo. Os indicadores das avaliações institucionais como IDEB e IDESP nos mostram o buraco em que a educação paulista se encontra.
Pois bem, agora novamente o governo vem com o discurso da reorganização. Eu particularmente sou a favor da reorganização pensando na qualidade do ensino. Como alguém que esta na rede ha 21 anos e conhece todos esses desafios, a mudança para escolas com agrupamentos distintos, tem como lógica adequar espaços aos seus respectivos grupos de aprendentes. Isso é um fato, e ninguém e contra essa forma de pensar.
O que da medo e nos deixa angustiados e que ja vimos essa novela, inclusive com os mesmos personagens. Os argumentos da diminuição da população atendida, tudo isso é um fato, não tem o que questionar.
O que questiono sempre e o processo, como isso acontece. Como sempre acordamos e nos deparamos com mudanças profundas, sérias sem debate algum. O problema e que o próprio governo subestima nossa capacidade de questionamento e criticidade. Esse discurso de que todos serão ouvidos é balela, MENTIRA. Tem que ser muito ingenuo para acreditar que uma reorganização desse porte e tamanho será estruturada no período em que o secretário da entrevista ao Bom Dia SP e o mês de novembro. Chega a ser triste essa forma de encarar a maior classe intelectualizada desse nosso país. 
O pior e que o discurso dos dirigentes de ensino reproduzem a mesma cartilha, vamos fingir que ouvimos as pessoas, as escolas, a comunidade. BALELA. tudo esta pronto e do jeito que eles determinaram por estudos deles, os gestores são obrigados a aceitar.
Um governo que diz que prioriza a gestão democrática nos mostra na prática o que não devemos fazer. Ninguém entendera a democracia se não existir espaço para desenvolve la. Será que é tão difícil entender isso.
A escola enquanto espaço que pensa e que potencializa a criticidade fica isolada em um mundo a parte da própria secretaria estadual de educação, que tem como cultura o slogan FACA O QUE MANDO, MAS NÃO O QUE FAÇO.
A reorganização esta ai, fato. Ninguém mudara. Mas não podemos sermos neutros nesse processo. 
Cade a melhora dos espaços de aprendizagens? E uma reorganização sem investimento. Sem melhora das escolas. E olha que ninguém esta falando de salário. Falamos de condições de trabalho.
Mudar os alunos apenas para diminuir salas, otimizar espaços ociosos, disponibilizar escolar não trara melhores resultados. 
Um dos argumentos e que escola que possui apenas um segmento tem qualidade 10% superior as outras. Ótimo, isso é verdade. Mas para isso as condições de trabalho precisam ser observadas e ofertadas.
O discurso para a sociedade e família é a qualidade. Alias principio da democratização do ensino que pauta não o discurso mas a prática dos educadores. 
O problema e que só o discurso não mudara em nada. O governo vai economizar e muito com a reorganização. FATO. Mas garantir que os alunos ganharão com isso e de uma leviandade tremenda.
Eu espero poder daqui há 20 anos escrever dizendo que errei, porque não sou do time do quanto pior melhor. 
Mas também não sou do time dos cegos da educação. Como disse, a democracia passa pela vivência e prática. A escola quando de fato tiver qualidade tirara o pano que cega e produz uma sociedade alienada, que agrada a todos os políticos brasileiros. Assim com a permissão para a boa criticidade, conformaremos uma nova sociedade. Que assim seja.