domingo, 16 de agosto de 2009

Capital terá aulas aos sábados

Já era esperado. Agora as escolas precisam cumprir com a quantidade, o governo ficará de olho para a contagem dos dias letivos. Afinal de contas é lei a escola precisa ter quantidade de dias para fechar o ano letivo. Pergunta: aonde esta a preocupação com a qualidade?
Fonte: 15/08/2009 - Bruno Ribeiro - do Agora
A Prefeitura de São Paulo definiu ontem que as aulas perdidas por conta da gripe suína serão repostas aos sábados e nos dias de conselho de classe, que também foram transferidos para os sábados. A medida atinge 1,1 milhão de estudantes, que voltam à escola na segunda-feira. Para completar os 200 dias letivos, os alunos terão de repor dez dias de aula. A volta às aulas, que deveria ter sido retomada no dia 3, foi adiada por conta do aumento de casos de gripe suína no Estado. Na portaria que determinou a reposição dos dias perdidos, publicada ontem no "Diário Oficial" da Cidade, a prefeitura manteve a liberdade de cada escola escolher as datas para que as aulas extras aconteçam. No caso de creches, tanto as da rede própria quanto nas conveniadas, a prefeitura decidiu que as crianças terão aulas ininterruptas até o fim do ano (exceto nos feriados). Os conselhos de classe e outras atividades que deveriam provocar a suspensão das aulas durante a semana, serão transferidos para os sábados. Professores e funcionários da rede estão obrigados a repor os dias em que ficaram em casa. Quem não comparecer às aulas de reposição terá o dia descontado do salário. As escolas têm prazo até o próximo dia 28 para definir os ajustes no calendário letivo e enviá-los às diretorias de ensino da cidade. As diretorias vão analisar todos as propostas e terão de aprová-las. A ordem da prefeitura é que todos os alunos tenham 200 dias de aulas, ou 800 horas de ensino, até o fim do ano.
Rede estadual
A Secretaria de Estado da Educação disse que, na semana que vem, os diretores de ensino terão uma reunião para definir como será o calendário de reposição das aulas. A secretaria já havia dito, no meio da semana, que as escolas teriam autonomia para definir as datas --também com a opção de escolher os sábados, a exemplo do que vai acontecer na capital. O sindicato das escolas particulares do Estado disse que as escolas também vão repor as aulas perdidas. A reposição será menor --a maioria dos colégios adiou em apenas uma semana o retorno às aulas. Cada escola definirá seu próprio plano.

Burocracia toma mais tempo de diretor do que pedagogia

Como o diretor deve cuidar das questões administrativas e contabéis, os sistemas de ensino aproveitam destes profissionais e cobram além da sua capacidade, afinal de contas ao prestar um concurso para diretor de escola, não exige formação em administração de empresa, contabilidade, mas ao ingressar, coitado, tem que se virar, pois com todas as dificuldades e mazelas que a escola pública tem, o diretor tem que ainda correr atrás das informações e olhe que as diretorias de ensino não são tão simpáticas assim e prestativas quanto deveriam ser. E quando tem alguma coisa mais séria todos se isentam e sobra para o diretor. Ou seja, na hora de mandar fazer o governo sabe, mas na hora de assumir responsabilidade....
Fonte: 16/08/2009 - 10h38 - FÁBIO TAKAHASHI da Folha de S.Paulo
Mais do que salário, violência e espaço físico inadequado, a principal queixa dos diretores da rede municipal de São Paulo é o excesso de burocracia. A constatação foi feita em pesquisa do Sinesp (sindicato da categoria), que entrevistou em março 373 gestores. Destes, 53% se queixaram que gastam mais tempo com papéis e formulários do que com atividades pedagógicas --reuniões com os professores, por exemplo. Segundo os dirigentes, o problema é agravado pela falta de funcionários nas escolas. Salário foi apontado por 3% da amostra como um dos principais problemas; 9% citaram violência e insegurança; e 38%, deficiências físicas das escolas. A pesquisa foi feita para representar os 5.000 diretores e coordenadores pedagógicos do sistema municipal paulistano. Algumas das atividades não pedagógicas que os diretores fazem são controle de notas fiscais de compras; pagamento de fornecedores; levantamento de informações como férias e adicionais por tempo de serviço dos professores, para serem enviadas à diretoria de ensino. Sistemas de ensino em outros países decidiram deixar os diretores focados nas atividades pedagógicas, eliminando processos burocráticos, aliado à contratação de funcionários para cuidar especificamente da parte administrativa-financeira. Nova York é um exemplo. "Reconheço que a carga burocrática para os diretores é muito pesada", disse o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider. "Mas temos diminuído". A dirigente de uma escola de ensino fundamental na zona sul, que prefere não ser identificada, reclama que qualquer compra exige três orçamentos e, posteriormente, o envio dos documentos a um contador. "Há ainda sobreposição de pedidos. Preciso mandar a planilha de bens patrimoniais ao setor de bens da secretaria e, depois, ao de compras. Mas são necessários ajustes em cada uma, o que toma tempo", disse. "Quase não dá para conversar com os professores." "A vida dos dirigentes é um inferno. E isso vale para quase o país todo", afirma Ilona Becskeházy, diretora-executiva da Fundação Lemann, que capacita diretores de redes públicas. Ela sugere que as escolas tenham um diretor pedagógico e outro administrativo. O pesquisador Rudá Ricci, consultor do levantamento, calcula que 70% do trabalho do diretor está ligado à burocracia. "Há desconfiança em cima dos diretores e professores. Por isso tantos relatórios." Para ele, o ideal seria que as secretarias se concentrassem em avaliar o rendimento dos alunos. Essa foi uma das mudanças aplicadas em Nova York, diz a pesquisadora Patrícia Guedes, que analisou, a pedido da Fundação Itaú e do Instituto Braudel, a reforma daquele sistema. Ao mesmo tempo que passaram a ser cobrados por resultados (diretores que não melhoram suas escolas não ganham bônus e podem até perder o cargo), os dirigentes ganharam autonomia. Podem, por exemplo, contratar seus professores. Além disso, foram eliminados órgãos equivalente às diretorias regionais de ensino. "Diminuiu muito a papelada."

Pré-escola ainda tem crianças de 7 a 9 anos

Por isso a necessidade urgente de organização e padronização do MEC, pois as vezes a autonomia dado aos sistemas acaba sendo utilizada não em função e benefício dos educandos mas sim dos políticos e nem sempre a preocupação ocorre de fato com a aprendizagem e sim com os números que envolvem a politicagem.
Fonte: 16/08/2009 - 10h23 -ANGELA PINHOLARISSA GUIMARÃESda Folha de S.Paulo, em Brasília
O Brasil tem menos de cinco meses para ampliar o ensino fundamental de oito anos de duração para nove. No entanto, uma questão primordial ainda não foi resolvida: a idade de entrada na escola. Quase 10% das crianças de sete a nove anos estão atrasadas e ainda cursam a pré-escola. São 972 mil crianças dessa faixa etária que estudam com colegas de quatro e cinco anos. Os dados são do IBGE e se referem ao ano de 2007. Esses alunos vão chegar ao ensino fundamental já com uma defasagem em relação aos seus colegas, uma vez que a idade normal para essa etapa da educação vai dos 6 aos 14 anos. "A alfabetização tem que ser feita até os sete anos, ao final do segundo ano do ensino fundamental [antiga primeira série]. Se não acontece nessa idade, o menino vai chegar sempre com uma defasagem de conteúdo", afirma Tatiana Filgueiras, coordenadora de avaliação do Instituto Ayrton Senna, que tem um projeto de aceleração para 2,1 milhões de alunos. Especialistas também apontam que o fato de uma criança estar numa sala com outras muito mais novas pode desmotivá-la a aprender. Ao mesmo tempo em que alunos mais velhos entram no ensino fundamental, em quatro Estados crianças que deveriam estar na pré-escola são matriculadas na primeira série do fundamental. Isso acontece porque a lei que trata do ensino fundamental apenas diz que essa etapa deve começar aos seis anos. Mas a norma não indica até que dia do ano letivo a criança tem que ter completado essa idade. Na interpretação do CNE (Conselho Nacional de Educação), a data que vale é a do início do ano escolar. Mas, em Minas Gerais, Piauí e São Paulo, a criança pode completar seis anos até o dia 30 de junho --e, portanto, entrar no ensino fundamental com cinco. Em Goiás, a situação é mais radical: a criança pode completar seis anos até o dia 31 de dezembro da primeira série. Para Regina Vinhaes, professora da UnB (Universidade de Brasília) e integrante do CNE, esse ingresso precoce é prejudicial. "Cada ano tem muita diferença nessa faixa etária. Uma criança até completar seis anos necessita mais do que outras de atividades lúdicas", afirma. Aricélia Ribeiro do Nascimento, do MEC, avalia que um aluno de cinco anos poderá até decorar conteúdos do ensino fundamental, mas não saberá interpretar e extrapolar o conhecimento. Os pais são os que mais se angustiam com a idade escolar do filho. No ano passado, Silvana Vituriano mudou-se de São Leopoldo (RS) para São Luís (MA) só para conseguir matricular seu filho, então com seis anos, no segundo ano, e não no primeiro, o que a cidade gaúcha não permitiu. "Ele já tinha visto todo o conteúdo, estava muito adiantado", diz. No fim, o garoto não se adaptou e eles voltaram. A falta de uma regra homogênea em todo o país pode causar problemas quando a família de uma criança se muda de um Estado para outro. Por isso e pela questão pedagógica, o MEC decidiu enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei instituindo o início do ano letivo como a data limite em que a criança terá que ter seis anos para entrar no ensino fundamental. A proposta também dirá que, para a pré-escola, a idade adequada de ingresso é de quatro anos. Para as crianças que já estão matriculadas na escola de acordo com as atuais regras, haverá um mecanismo de transição, ainda não de todo definido.
Nove anos
Por lei, os Estados têm até janeiro do ano que vem para implementar o ensino fundamental de nove anos. Mas a confusão da faixa etária não é o único problema. Segundo o mais recente censo da educação básica, 868 municípios brasileiros, e 53% dos paulistas, não tinham nem começado a implantar o ensino fundamental de nove anos em 2008. O MEC diz que a situação já melhorou neste ano.

Projetos buscam enfrentar a crise do Ensino Médio

Da forma como este nível de ensino se apresenta hoje projeta-se ao fracasso. A escola tem um novo público, um novo perfil, entretanto os conteúdos, as aulas são oferecidas da mesma forma como se oferecia ha pelo menos 15 anos atrás. Não adianta mudar nome, agrupar componentes, se na prática a ação é a mesma. O Ensino médio, precisa cumprir pelo menos com o que se propõe na forma da lei, preparar para o mercado de trabalho e vida cidadã. Isso significa dar sentido as práticas e teorias escolares. Mas para isso se faz necessário mudar a postura do sujeito ensinante. Na verdade a formação acadêmica precisa garantir pelo menos parte dessa necessidade.
Fonte: Vivian Lobato - vivianlobato@aprendiz.org.br - Portal Aprendiz
De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 40% dos jovens abandonam a escola por a considerarem desinteressante. Dados do Instituto de Pesqusa Econômica Aplicada (Ipea) de 2006 apontam que 68,3% dos jovens de 18 a 24 estão fora ou não completaram o ensino regular. Diante da atual crise enfrentada pelo Ensino Médio brasileiro, os projetos “Entre Jovens” e o “Jovem de Futuro” buscam combater a evasão escolar e aumentar o desempenho dos estudantes. “Apenas 16,4% da população brasileira tem Ensino Médio completo. Mas o jovem que não tem Ensino Médio está fora do mercado. O pior perfil é de quem desistiu do Ensino Médio no meio, porque não aceita qualquer trabalho, mas também não é qualificado para as melhores oportunidades”, explica a superintendente do Instituto Unibanco – organização responsável pelos projetos –, Wanda Engel. O projeto Entre Jovens, iniciativa do Instituto Unibanco em parceria com governos estaduais, atua em escolas públicas do Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Juiz de Fora (MG). O programa oferece atendimento educacional complementar a alunos da 1ª série do Ensino Médio, que apresentam defasagem em relação a conteúdos de Português e Matemática. “A ação educacional se desenvolve por meio de um sistema de tutoria com estudantes de licenciaturas das disciplinas”, explica Wanda. Enquanto isso, o projeto Jovem de Futuro, também desenvolvido pelo Instituto Unibanco em parceria com governos estaduais, busca a melhoria do desempenho escolar dos alunos e a redução dos índices de evasão. O maior objetivo é desenvolver na escola um plano estratégico de três anos, que corresponde ao ciclo completo do Ensino Médio. No programa, as escolas se comprometem a melhorar as médias da escola no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) em português e matemática e a diminuir em 40% seus índices de evasão. “Nem metade dos jovens de 15 a 17 anos estão no Ensino Médio. Eles ainda estão no fundamental ou fora das escolas. Infelizmente, perdemos esses jovens na metade do caminho. 3,6 milhões de jovens ingressam no Ensino Médio, mas apenas 1,8 milhão saem formados”, ressalta Wanda. O Jovem do Futuro teve início em 2007 e acontece em 88 escolas dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. As escolas contempladas têm autonomia para executarem seu plano estratégico e utilizar os recursos colocados à disposição. Mas para isso é necessário que as escolas assumam as metas do programa como compromissos. Entre as ações, o projeto propõe, por exemplo, apoio a projetos pedagógicos, premiações por desempenho, além de atividades culturais para alunos e professores. Para as escolas, as ações se concentram na melhoria na infraestrutura como pequenas reformas, aquisição de equipamento e material didático. “Tentamos usar tecnologias e caminhos que podem funcionar em qualquer escola. Nosso maior objetivo é que o governo possa aplicar nossa metodologia e replicá-la em outros lugares. Após um ano de implantação do Jovem do Futuro, as escolas beneficiadas aumentaram a porcentagem de alunos com proficiência em português e matemática, de acordo com a 3ª meta do movimento Todos pela Educação, na mesma proporção que as demais escolas só alcançam em cinco anos”, destaca Wanda.