quarta-feira, 7 de abril de 2010

Avaliação negativa da educação condiz com falta de metas em SP

Fonte: PORTAL APRENDIZ – 07/04/2010
De um lado, a população da cidade de São Paulo (SP) avalia de maneira negativa a educação oferecida pela rede municipal pública de ensino. De outro, a cidade não tem ou não cumpre suas metas. O levantamento é do documento “São Paulo em Indicadores e Metas”, lançado pelo Movimento Nossa São Paulo na última semana na capital paulista. A partir da nota média da população para cada um dos 11 itens educacionais abordados pelo Indicador de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), o material estabeleceu relações entre os indicadores do Observatório Cidadão, as referências de metas propostas pelo Nossa São Paulo e o Programa de Metas 2009-2012, elaborado pela atual gestão municipal. Além de educação, a publicação também compara os dados de outros 24 temas.
“Essa publicação traz um quadro com o que os moradores da cidade priorizam, o que já foi feito, quais são as metas e planejamentos”, afirmou o coordenador da Secretaria Executiva do Movimento Nossa São Paulo, Maurício Broinizi. A qualificação dos profissionais da educação nas escolas obteve 5,4 de nota média dada pela população, segundo o Irbem. A avaliação da formação e das condições de trabalho e estudo dos profissionais de educação atingiu avaliação pior, com nota 5,1 de média. No Programa de Metas não há menções sobre os itens. Sobre a quantidade de vagas em creches, pré-escolas e escolas em locais próximos à sua moradia, a nota do paulistano ficou abaixo da mediana: 4,9.
Segundo o Observatório Cidadão, que utilizou como fonte dados de 2009 das Secretarias Municipais de Educação, a subprefeitura que melhor efetuou matrículas nas creches foi Guaianazes. Na cidade da zona leste, 79,8% das crianças obtiveram uma vaga sobre o total da procura. O pior indicador está no Campo Limpo, onde foi cumprida apenas 40,37% da demanda de matrículas. Já o Programa de Metas almeja que 100% das crianças estejam em creches. O envolvimento das famílias na educação dos filhos recebeu nota média de 5,2 da população, segundo o Irbem. Não há referência sobre o item no Programa de Metas da cidade. “O Programa de Metas completou um ano em 31 de março. A ideia foi criar um instrumento para a sociedade civil, o poder público e o setor empresarial fazer comparações e, então, inserções pela cidade a partir das reais necessidades de São Paulo”, concluiu Broinizi. “Uma das coisas importantes é o orçamento para que melhorias possam ser realizadas”. Com o objetivo de propor soluções para a ampliação do atendimento em creches e pré-escolas na cidade, fóruns e movimentos sociais de educação vão participar de um ato público na Câmara Municipal, na próxima quinta-feira (8/4), das 17h às 20h.

O ranço ideológico na educação

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO – 07/04/2010
A exemplo do que ocorreu com as Conferências Nacionais de Comunicação e Direitos Humanos, as propostas aprovadas pela 1.ª Conferência Nacional de Educação, que foi encerrada na última quinta-feira com a participação do presidente Lula, têm como denominador comum a expansão do dirigismo estatal e a supressão da liberdade de iniciativa no setor. Atualmente, as universidades particulares respondem por 75% das matrículas do ensino superior no País e muitas delas, além de abrir capital, têm recebido vultosas somas de fundos de investimentos para financiar sua expansão.
A justificativa dos participantes da 1.ª Conferência Nacional de Educação é que o ensino superior seria um "bem público", motivo pelo qual a oferta de vagas por universidades privadas e confessionais teria de ser feita por meio do regime de concessão, como ocorre nas áreas de energia, petróleo e telecomunicações.
Para os 3 mil sindicalistas e representantes de movimentos sociais e ONGs que aprovaram essa proposta absurda, se cabe ao governo federal "articular" o sistema educacional, a União deveria "normatizar, controlar e fiscalizar" as instituições de ensino superior do País, por meio de uma agência reguladora, além de estabelecer parâmetros para currículos, projetos pedagógicos e programas de pesquisa para todas elas.
Essa tese colide frontalmente com a Constituição de 88, que é clara e objetiva em matéria de ensino. Ela prevê a livre iniciativa no setor educacional, concede autonomia didática, científica, administrativa e patrimonial às universidades e assegura aos Estados e municípios ampla liberdade para organizar suas respectivas redes escolares.
Como ocorreu nas Conferências Nacionais de Comunicação e Direitos Humanos, as entidades representadas na 1.ª Conferência Nacional de Educação ? das quais pelo menos 40 atuam em áreas estranhas aos meios acadêmicos ? em momento algum esconderam sua aversão ao livre jogo de mercado. Segundo elas, por visar ao lucro, as universidades particulares, ao contrário das universidades públicas, não se preocupariam com a qualidade dos serviços que prestam.
A afirmação é falaciosa, uma vez que há instituições privadas muito bem classificadas no ranking do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), assim como existem instituições federais que certamente não seriam autorizadas a funcionar, caso o Ministério da Educação fosse mais rigoroso na aplicação das regras por ele mesmo estabelecidas. É esse o caso das Universidades Federais do Vale do Jequitinhonha, que foi inaugurada por Lula sem ter corpo docente, e do ABC, que funciona em meio a um canteiro de obras atrasadas e abriu seu primeiro processo seletivo sem dispor sequer de laboratórios e de bibliotecas.
Além de investir contra a iniciativa privada, as propostas aprovadas na 1.ª Conferência Nacional de Educação esvaziam as competências das Secretarias Municipais e Estaduais de Educação, atribuindo-lhes o papel de meros fóruns consultivos. E, em nome da "democratização" do ensino, defendem a inclusão de integrantes da "sociedade civil organizada" nos órgãos educacionais. Com isso, os Conselhos Nacional e Estaduais de Educação deixariam de existir e sindicalistas vinculados à Central Única dos Trabalhadores, militantes de agremiações partidárias e representantes de ONGs sustentadas por dinheiro governamental poderiam interferir na formulação, implementação e execução da política do setor, colocando os interesses corporativos, políticos e ideológicos à frente do interesse público.
Tão ou mais espantoso do que o ranço ideológico das propostas da 1.ª Conferência Nacional de Educação foi a reação das autoridades educacionais. Elas se comprometeram a incluí-las no Plano Nacional da Educação? o projeto do MEC que define as principais políticas educacionais dos próximos dez anos e que em breve será enviado ao Congresso. Nos países desenvolvidos, o poder público estimula o aumento dos investimentos privados no ensino superior. O MEC, que na gestão do presidente Lula não conseguiu diminuir as taxas de evasão e repetência, faz o contrário.

Jovem cria curso para olimpíada de matemática e conquista mais de cem medalhas

Fonte: PORTAL UOL EDUCAÇÃO - SIMONE HARNIK - 07/04/2010
Do alto de seus 18 anos, Marco Antonio Lopes Pedroso já ganhou mais de 15 medalhas em olimpíadas de matemática, química, física e astronomia. Tantas congratulações o fizeram querer multiplicar o conhecimento. Assim, ele acabou criando um cursinho preparatório para competições destinado aos alunos de sua cidade, Santa Isabel, em São Paulo. Em dois anos de funcionamento, seu grupo, chamado OSI (Olímpicos de Santa Isabel) , já registrou mais de cem medalhistas em competições como a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) ou a Olimpíada Brasileira de Astronomia.
Agora, Marco Antonio enfrenta um dilema: aprovado no MIT (Massachusetts Institute of Technology), o rapaz busca novos organizadores para tocar seu projeto adiante. "Até hoje já atendemos uns 300 alunos. Há um certificado simbólico para os que acompanharam o curso e para os professores que ajudaram. É tudo voluntário", conta. Estratégia de sucesso - Além de Marco Antonio, outros colegas do rapaz e seu irmão mais novo também lecionam. "E estão surgindo outros projetos. Um deles é em Cajamar e outro no [colégio] Etapa. Estou torcendo bastante para que deem certo", diz. Segundo o criador do OSI, uma das principais vantagens do curso ministrado por jovens, é a proximidade com o público alvo. "Os alunos têm aulas com professores com quase a mesma idade que eles. Então, ficam mais à vontade."
De onde surgiu a ideia - Até a sétima série, Marco Antonio estudou em um colégio particular da cidade. Tinha bolsa de estudos, pois o pai era professor. Mas a escola faliu e ele foi estudar em uma instituição do Estado. "Foi um choque. Estava acostumado com uma turma pequena e vi a realidade da escola pública – com professor faltando e coisa do tipo", lembra. Nessa época, conta, ele soube que o colégio Etapa, em São Paulo, fornecia treinamento para a olimpíada de matemática. Fez uma prova de bolsas e cursou todo o ensino médio com desconto de 100%.
Daí para replicar o curso preparatório foi um pulinho. Em 2008, estava ele ministrando as aulas. "Minha mãe me ajudou a procurar diretores de colégios de Santa Isabel, porque conhecia bastante gente", diz. E foi assim que tudo começou. Com um espaço cedido e gosto pela matemática. Os estudantes frequentam gratuitamente - este ano, a única taxa simbólica vai ser o custo da camiseta, inferior a R$ 10 por pessoa. Nos outros anos, como o universo de alunos era menor, os próprios professores bancaram o uniforme. O projeto funciona aos finais de semana, quando Marco Antonio volta das aulas do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) - onde cursa o primeiro ano de engenharia. "Teve gente que já conseguiu bolsa de estudos e o projeto já ganhou bastante prestígio", afirma.