quinta-feira, 5 de abril de 2012

40% das aulas na rede pública serão digitais

Uma empresa de informática, precisa de dinheiro fácil. Monta um programas simples para a educação e pronto. Vai ganhar muito dinheiro, assim funciona a PPP. Assim a SEE SP cria a Aula Interativa. Percebam que a demanda a necessidade pela aulas de informática não partiu da SEE SP e sim da empresa de informática que quer vender um produto. Ou seja, vão formatar programas para atender uma rede com mais de 5 milhões de alunos. Mais um programa que generaliza e nesse caso não vem com essa palhaçada de argumentar que as escolas e os professores podem adaptar, porque com programas prontos isso torna-se impossível. Com isso dinheiro jogado no lixo. Porque quando as demandas forem diferentes dos programas, os mesmos não serão usados. Simples. Não precisa ser gênio. Quem ganha com isso: o aluno? claro que não. Mas a empresa de informática e sabe lá Deus quem mais em um país que a corrupção esta presente em todos os lugares, é algo quase que institucionalizado. Será que não é mais fácil valorizar e capacitar de fato para o que já existe. Não precisamos inventar a roda novamente. Precisamos sim de vergonha na cara, para que enxerguem a educação paulista de fato como ela é e não como os gestores pensam que é. Discurso temos quase todos os dias, precisamos de prática, de ação. Não visitem polos, visitem as escolas nas periferias, no meio das comunidades, onde o toque de recolher existe, onde os alunos consomem drogas no meio da escola, onde os professores são ameaçados quase que diariamente, isso quando não apanham. Isso sim é sério e real. Mas com certeza vão dizer "é algo pontual", pois tudo na SEE SP é pontual. Os poderosos mandam, os dirigentes obedecem e impoem na cadeia pedagógica: supervisor, diretor, vice, coordenador, professor.... e assim a humanidade caminha para onde? não sei, talvez para o precipício.
Fonte: Folha de São Paulo - Fábio Takahashi - 05/04/2012
O governo de São Paulo decidiu que uma empresa será a responsável por instalar equipamentos de tecnologia nas escolas, treinar professores para as atividades e até desenvolver conteúdos digitais para as aulas.
Segundo as regras anunciadas ontem pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), 40% das aulas passarão a ser dadas com esses conteúdos.
Haverá, por exemplo, vídeos de cinco minutos para a explicação de conceitos e jogos para fixação de conteúdo.
O projeto abrange todas as disciplinas dos colégios estaduais de 5º ao 9º ano dos ensinos fundamental e médio.
O investimento previsto pelo governo é de R$ 5,5 bilhões, em dez anos. O valor é cinco vezes maior do que o reservado para este ano para reformas nas escolas.
A empresa ainda será escolhida. Segundo a Secretaria da Educação, o governo vai analisar critérios técnicos.
A pasta prevê que em 2013 comece a instalação de lousas digitais (sensíveis ao toque e conectadas à internet). Depois, serão distribuídos "dispositivos móveis" (como notebooks ou tablets).
Com a utilização de conteúdos digitais, hoje escassos na rede, o governo visa melhorar seu ensino -que apresentou pouca melhora no ensino fundamental e recuo no ensino médio, segundo o Idesp (avaliação do Estado).
Os conteúdos deverão seguir o currículo da rede, disse a Secretaria da Educação.
Pesquisas nacionais e internacionais que abordaram o uso de tecnologia na educação não detectaram melhora no rendimento dos alunos.
Uma das hipóteses é a de que o conteúdo e a formação dos professores eram inadequados -por isso, o aluno se distraía com a tecnologia.
De acordo com o governo, o projeto vai melhorar o interesse dos alunos e a qualidade das aulas.
A decisão ocorre em meio a uma crise. Nos últimos meses, o governo chegou a chamar até docentes reprovados no teste de admissão.
Presidente da Apeoesp (sindicato docente), Maria Izabel Noronha diz ser favorável à incorporação da tecnologia nas escolas.
Porém, ela critica o fato de uma empresa ser responsáveis pelos conteúdos. "É uma invasão", disse.
A presidente do sindicato também crítica a política do governo. "Não tem recursos para nossa valorização, mas tem para essa parceria privada? Parece até que querem cobrir a falta de professores com esses conteúdos."
A Secretaria da Educação diz que terá de aprovar os conteúdos e que já há política de valorização aos docentes.
Para educadores, tecnologia deve ser usada com cautela
Pesquisadores consultados pela reportagem afirmaram ser favoráveis à introdução de tecnologia nas escolas estaduais. Disseram, porém, que o projeto do governo tem problemas.
"Muita gente diz que a escola mantém práticas defasadas. O projeto pode ser interessante, até porque os índices de qualidade estão ruins", disse a professora do curso de pedagogia Angela Soligo, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Por outro lado, ela vê como problema o fato de empresas criarem conteúdos para as aulas. Ele disse que há o risco de a iniciativa privada passar suas ideias e conceitos aos estudantes. "Mesmo que sutil, é privatização de uma obrigação do Estado."
Ela criticou também a fixação de um percentual destinado aos conteúdos digitais. "O professor deve ter liberdade. As turmas são diferentes."
Ex-representante da Unesco (braço de educação da ONU) no Brasil, Jorge Werthein, disse que "os alunos estão familiarizados com as tecnologias, o que pode aumentar o interesse nas aulas".
Ele destaca, porém, "que todas as pesquisas mostram que há dificuldade em converter essa política em qualidade de ensino".
CAPACITAÇÃO
Para ele, a experiência de países com bons desempenhos mostra que o primordial é investir na formação dos professores.
"Não é rejeitar as tecnologias. Deveria haver uma interação melhor entre o que as redes de ensino querem e o que as faculdades oferecem aos seus estudantes", afirma.
Em reposta às críticas, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que os conteúdos digitais seguirão seu currículo e que deverão ser aprovados pela própria pasta.
Disse ainda que os professores não perdem autonomia com o projeto e que um dos seus pilares é justamente a formação de docentes.
PROPOSTA
A ideia do projeto apresentado pelo governo, chamado Aula Interativa, foi proposta pela Dell Computadores.
A companhia fez uma manifestação de interesse da iniciativa privada, mecanismo previsto na legislação das PPPs (Parcerias Público-Privadas).
Nesse dispositivo, cabe ao poder público avaliar a pertinência da proposta -que, neste caso, foi aprovada.
Agora, caberá ao Estado definir qual empresa efetivamente implementará o projeto.