quinta-feira, 26 de maio de 2011

Educação quer mudar cálculo de bônus em 2013

Fonte: 26/05/2011 Cristiane Gercina do Agora
A Secretaria de Estado da Educação pretende mudar o pagamento do bônus por desempenho a partir de 2013.
O benefício é pago a todos os funcionários das escolas que melhoram o seu desempenho no Idesp (índice que mede a educação em São Paulo) entre um ano e outro.
Um estudo sobre quais serão as modificações está em andamento e deverá ficar pronto no ano que vem. A ideia inicial, segundo a Educação, é levar em consideração os critérios socioeconômicos de cada unidade de ensino para o pagamento.

FALTAS DA GREVE SERÃO CANCELADAS!

Fonte: APEOESP
Após mais de um ano de luta incessante da APEOESP, a Secretaria Estadual da Educação comunicou à entidade, na tarde de hoje, 25/05, que as faltas relativas à greve de 2010, cujas aulas foram repostas, serão canceladas. Assim para todos os efeitos, os prontuários dos professores serão “limpos” e tais faltas deixarão de incidir sobre sua vida profissional e sua carreira.
Tão logo a greve de março/abril de 2010 foi suspensa, assembleia estadual da categoria votou favoravelmente à proposta que obteve maioria dos votos na diretoria da entidade, qual seja, a reposição das aulas para que fosse possível, administrativa e juridicamente, lutar pela retirada das faltas. Recorde-se, também, que graças ao empenho da diretoria da APEOESP o desconto dos dias parados foi feito em duas parcelas, minimizando o impacto nos salários daquele período.
Prova de mérito
A Secretaria da Educação informou ainda que se não for possível fazer o processamento do cancelamento das faltas da greve em tempo hábil, as inscrições para a prova de mérito serão prorrogadas. Outra razão para a eventual prorrogação são inconsistências nos registros de faltas e licenças, que vêm impedindo professores de se inscreverem.
A APEOESP reafirma que é contra a prova de mérito e orienta os professores a dela não participarem, tendo em vista que é injusta e excludente, não apenas porque uma prova não tem condições de aferir o mérito de cada professor, mas também porque o benefício atinge apenas 20% da categoria, independente do número de professores que tenham obtido a nota exigida, fere a isonomia salarial prevista na Constituição Federal e cria situação diferenciada entre professores com mesma formação, carga horária, atribuições e local de trabalho.

O que discutir sobre o polêmico livro?

Fonte: Folha de São Paulo, 26 de maio de 2011 - PASQUALE CIPRO NETO
Em 1988, eleita prefeita de São Paulo, a professora Luiza Erundina nomeou Paulo Freire secretário da Educação do município. Antes de assumir, o consagrado educador disse mais ou menos isto: "A criança terá uma escola na qual a sua linguagem seja respeitada (...) Uma escola em que a criança aprenda a sintaxe dominante, mas sem desprezo pela sua (...) Precisamos respeitar a sua sintaxe mostrando que sua linguagem é bonita e gostosa, às vezes é mais bonita que a minha. E, mostrando tudo isso, dizer a ele: "Mas para tua própria vida tu precisas dizer a gente chegou em vez de dizer a gente cheguemos". Isto é diferente, a abordagem é diferente. É assim que queremos trabalhar, com abertura, mas dizendo a verdade".
A declaração de Freire causou barulho semelhante ao que causou (e ainda causa) o livro "Por uma Vida Melhor", em que se mostram fatos relativos às variações linguísticas. Nele, dá-se como exemplo de norma popular a frase "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado". Dado o exemplo, explica-se isto: "O fato de haver a palavra os (plural) indica que se trata de mais de um livro. Na variedade popular, basta que esse primeiro termo esteja no plural para indicar mais de um referente". O livro prossegue: "Reescrevendo a frase no padrão culto da língua, teremos: "Os livros ilustrados mais interessantes estão emprestados". Você pode estar se perguntando: "Mas eu posso falar 'os livro'?" Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico". Há uma certa contradição na explicação, já que na frase popular a forma verbal ("estão") está no plural. Nessa variedade, o que se usa é "tá".
O caso aborda no livro é tecnicamente chamado de "plural redundante". Tradução: na forma culta ("Os livros ilustrados mais interessantes estão emprestados"), todos os elementos que se referem a "livros" (núcleo do sujeito) estão no plural (os, ilustrados, interessantes, estão, emprestados). É assim que funciona a norma culta do espanhol, do português, do italiano e do francês, por exemplo. Em francês, o plural redundante se dá essencialmente na escrita; na fala, singular e plural muitas vezes se igualam. Em inglês, pluraliza-se o substantivo; o artigo, o possessivo e o adjetivo são fixos (na escrita e na fala). Quanto ao verbo, a terceira do singular do presente é diferente das demais pessoas em 99,99% dos casos; no pretérito e no futuro, há apenas uma forma para todas as pessoas.
O fato é que a ausência do plural redundante não se restringe à variedade popular do português do Brasil. Também é fato que, apesar de algumas afirmações pueris (""Mas eu posso falar "os livro'?" Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico"), em nenhum momento o livro nega a existência da norma culta, como também não se nega a mostrá-la e ensiná-la. Há vários exercícios em que se pede a passagem da norma popular para a culta. Definitivamente, não se pode dizer que o livro "ensina errado". O cerne da questão é outro. O que expliquei sobre o exemplo do livro é assunto da linguística, que, grosso modo, pode ser definida como "estudo da linguagem e dos princípios gerais de funcionamento e evolução das línguas" ("Aulete"). A linguística não discute como deve ser; discute como é, como funciona. O que parece cabível discutir é se princípios de linguística devem ser abordados num livro que não se destina a alunos de letras, em que a linguística é disciplina essencial. Esse é o verdadeiro debate. Não faltam opiniões fortes dos dois lados. É isso.