sexta-feira, 19 de junho de 2009

Em Salvador, 539 alunos têm aula em esquema de rodízio e em espaço emprestado por igreja

E algumas pessoas ainda se acham no direito de julgar e falar mal dos professores. Classe que as vezes é tão marginalizada, mas que apesar de todas as mazelas sociais, as incertezas, as faltas, e olha que falta muita coisa para esta classe profissional, mesmo com o descaso governamental, mesmo assim, com todas as dificuldades conseguem executar seu ofício de ensinar e de transformar.
Fonte: 19/06/2009 - 07h00 - Especial para o UOL Educação - Em Salvador
Há mais de um mês, 539 alunos têm aulas duas ou três vezes por semana em salas emprestadas por um pároco de uma igreja no Rio Vermelho, em Salvador. O prédio do colégio foi condenado pela Defesa Civil por falta de segurança.Para garantir a continuidade das aulas, a diretora da Escola Municipal Oswaldo Cruz, Ana Carla Pereira de Souza, adotou um sistema de rodízio entre as turmas - o que significa que as crianças, todas matriculadas da 1ª à 5ª séries, têm aulas dia sim, dia não. O modelo está em vigor desde maio, quando a escola se transferiu para quatro salas, onde funcionam projetos sociais da Igreja de Santana, no bairro do Rio Vermelho, orla da capital baiana. As salas foram cedidas pelo pároco Ângelo Magno. É a mesma Igreja que abriu os festejos de Iemanjá, em 2 de fevereiro.
Como o prédio foi danificado?
Localizado próximo à praia, o prédio da escola sofreu com a ação do tempo e com a falta de uma manutenção adequada. A diretora Ana Carla recebeu a notificação em 30 de abril, e, diante da dificuldade de encontrar outro prédio para abrigar toda a escola, recebeu de bom grado a oferta do pároco. "Ele é um grande ser humano, dono de um senso de solidariedade raro", elogia.
Rodízio de aulas
O desafio para ela e para o grupo de 23 professores foi encontrar um jeito de acomodar as 16 turmas (oito pela manhã e oito no horário vespertino), em um espaço menor. "Pensamos muito e a forma mais viável que encontramos foi o rodízio", explica.A alternância funciona assim: quatro turmas frequentam as aulas na segunda, quarta e sexta. As outras quatro, terça e quinta. Na semana seguinte esse sistema se inverte. Ou seja, quem frenquentou apenas dois dias na semana anterior, terá três dias na semana subsequente.A exceção são os 180 alunos do curso noturno da alfabetização de Jovens e Adultos. Como o grpupo é menor, conseguiu ser realocado para outra unidade de ensino. "Assim, ninguém fica prejudicado", diz a diretora, que afirma que os "meninos" estão adorando a nova escola. Ela diz que a aprovação não tem nada a ver com o fato de terem mais tempo livre, na semana, para as brincadeiras.
Obrigação
Para os professores, ao contrário, diz, ficou mais trabalhoso, afinal, precisam assegurar a aplicação de todo o conteúdo programático. Ela espera iniciar o segundo semestre com a situação regularizada. Para tanto, tem contado com o apoio da Associação de Moradores do Bairro na busca por um imóvel que atenda às necessidades da escola. "Precisamos encontrar um prédio em condições de abrigar toda a escola e que não seja distante, pois a maioria das crianças reside nas adjacências e, como os alunos são de baixa renda, teriam dificuldade para se transportarem".Por meio de sua assessoria, a secretaria municipal de educação informou que a prefeitura está buscando um novo local, mais adequado, para realocar os estudantes durante a reconstrução do antigo prédio. Até agora, o edifício não foi sequer demolido.A secretaria afirmou também que o caso da Escola Osvaldo Cruz é isolado. Não há problemas nas demais unidades da educação municipal. As férias escolares de meio de ano na Bahia começam nesta segunda-feira (22), para os festejos juninos. As aulas serão retomadas no dia 6 de julho.
Livres da greve
Apesar do rodízio, os pais dos alunos se dão por satisfeitos, pois, em razão da situação atípica, os professores da escola Osvaldo Cruz não aderiram à greve geral deflagrada pelos docentes municipais, que já entra no 14º dia, reivindicando entre outros itens, melhores condições de trabalho e reajuste salarial. "Caso eles tivessem aderido à greve teríamos ainda mais dificuldade. Não daria para fazer as reposições aos sábado, como deve ocorrer, porque a igreja tem a sua programação", afirma a diretora.

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