terça-feira, 5 de maio de 2009

MEC quer começar novo currículo nas piores escolas

Prioridade será para colégio com nota baixa no Enem; sistema proposto acaba com a divisão entre as atuais 12 disciplinasSegundo presidente do conselho que representa os secretários estaduais de Educação, maior dificuldade será a adaptação do professor
Fonte: Folha de São Paulo - FÁBIO TAKAHASHIDA - REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação informou ontem que as escolas de ensino médio com as piores médias no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) serão prioritárias para receberem as mudanças no currículo.A pasta pretende acabar, ao menos em parte do sistema, com a divisão por disciplinas, presente no antigo colegial.A intenção é que o projeto-piloto conte, em 2010, com cem colégios, dos governos estaduais que aderirem à proposta.Para a escolha dessas escolas, haverá uma distribuição proporcional entre os Estados participantes do programa (considerando o tamanho das redes). Dentro de cada unidade da Federação participante, deverão ser escolhidas aquelas com piores médias no Enem.Reportagem publicada ontem pela Folha mostrou que o MEC encaminhou ao Conselho Nacional de Educação proposta que prevê ajuda técnica e financeira às redes que aceitarem mudar seus currículos.As 12 disciplinas seriam distribuídas em quatro grupos amplos (línguas, matemática, humanas e exatas/biológicas).Na visão do governo, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê função prática no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.O ministério afirma que a intenção é dar condições para que os modelos de ensino médio sejam diversificados.O governo Lula pretende que no ano que vem algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.Para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada pelo conselho, que deve referendá-la em junho. Além disso, precisa ser aceita pelos Estados (responsáveis pelo ensino médio). A adesão, porém, é facultativa.Segundo o projeto, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição das disciplinas nos grupos e o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).ApoioA presidente do Consed (conselho que representa os secretários estaduais de Educação), Maria Auxiliadora Seabra Rezende, afirmou que apoia a proposta. Aponta, porém, dificuldades para a implantação do projeto, principalmente na formação de professores."Hoje, o ensino médio é uma coleção de disciplinas, com pouca integração. Essa já era uma preocupação dos secretários", afirmou Rezende."Mas a proposta precisa ser amplamente debatida. A maior dificuldade será a adaptação dos professores, eles foram formados para disciplinas específicas", disse a presidente."Como projeto-piloto é válido", disse o presidente do Conselho Estadual da Educação de SP, Arthur Fonseca Filho."Mas não haverá mudanças nas redes enquanto o vestibular cobrar disciplinas. Grupos mais amplos já são previstos nas diretrizes curriculares de 1998, mas até hoje não emplacaram por estarem em desacordo com o vestibular."

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