sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Briga de professora de 62 anos e alunos de 8 termina na delegacia

É importante que exista a apuração antes de qualquer acusação. Contudo é um fato a violência dentro da escola e principalmente contra os professores, alías muitos pais só aparecem na escola nessas situações e por comodismo acabam jogando toda e qualquer responsabilidade na escola, pois assim é mais fácil, do que educar e cumprir com sua obrigação na formação do respectivo filho. O governo é ciente desse fato e de modo geral passa a mão na cabeça e sempre é mais fácil mesmo culpar o professor e isentar a família de suas obrigações. Não estou aqui defendendo ou acusando ninguém, apenas apontando os fatos, nesse caso específico é essencial a apuração antes do julgamento. Contudo se a professora for inocente, não terá o mesmo espaço na mídia para sua defesa quanto teve para a sua acusação.
Fonte:Folha de S. Paulo, 11/11 - Juliana Coissi - Luiza Pellicani de Ribeirão Preto
Briga de professora de 62 anos e alunos de 8 termina na delegacia
Mães acusam docente de agressão; já ela diz que foi agredida pelos alunos da segunda série
Enquanto apura o caso, secretaria da Educação afastou docente, que era substituta na aula e está prestes a se aposentar
Uma briga envolvendo uma professora de 62 anos e três alunos de 8 anos dentro de uma sala de aula da segunda série acabou na delegacia em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
De um lado, as mães dos alunos registraram boletim de ocorrência acusando a professora de lesão corporal. De outro, a docente nega a agressão e diz que foi ela a agredida pelas crianças.
O caso aconteceu na tarde de anteontem na escola estadual Deputado Orlando Jurca, no bairro Adelino Simioni, na periferia da cidade.
Mães de três crianças (dois meninos e uma menina) dizem que seus filhos relataram que a professora Nadir Rodrigues deu um soco na boca dele e também agarrou uma delas pelo braço, a empurrando em seguida.
Segundo os alunos, a confusão se deu porque Nadir, primeiro, deixou de castigo um menino que foi ao banheiro, contrariando sua autorização. Uma das meninas, diz esse relato, também não foi autorizada a ir ao banheiro e urinou nas calças -outra menina, ao tentar ajudá-la, teria sido agredida.
A professora, que é substituta, nega tudo, diz que só pediu que a aluna esperasse outra menina voltar do banheiro. "Em 23 anos de magistério nunca passei por isso. Nessa história eu é que sou a vítima", diz ela, que aguarda resposta de pedido de aposentadoria.
Ela disse ainda que tem marcas da agressão que sofreu, mas não deu detalhes.
Ontem, a Secretaria de Estado da Educação afastou a professora por tempo indeterminado enquanto segue com a apuração. Tanto os alunos como a docente passaram ontem por exame médico. A Delegacia de Defesa da Mulher investiga o caso.
Em nota, a secretaria disse que além do afastamento da docente, iniciou uma apuração preliminar. Afirmou ainda que as crianças passaram a receber acompanhamento especial de professores.
Para Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares, da USP de Ribeirão Preto, atualmente os professores estão em seu limite dentro da sala de aula. "Eles não têm nenhum meio para coibir um comportamento inadequado. Uma série de fatores faz os alunos se sentirem impunes."
A escola Orlando Jurca fica em bairro violento, com forte atuação do tráfico de drogas. Para o delegado Sérgio Siqueira, do 5º DP, a região é a "faixa de Gaza" da cidade.
RAIO-X DA ESCOLA
Nome: Escola estadual Orlando Jurca
Localização: Na periferia de Ribeirão Preto (SP)
Turmas: De 1ª a 4ª série do ensino fundamental
Alunos: Cerca de 750 estudantes no total
Média de alunos por classe: 30
Nota no Ideb 2009: 4,6 (a meta era 4,8)
Para educadora, condição adversa estimula violência
TALITA BEDINELLI - DE SÃO PAULO
Para Maria Regina Maluf, professora de psicologia da educação da PUC-SP, episódios de violência na sala de aula são "inadmissíveis". Mas eles estão relacionados a condições de trabalho inadequadas.
Folha - Por que a violência?
Maria Regina Maluf - A violência e a agressividade estão presentes em qualquer tipo de organização social. Nas relações educacionais entre adultos e crianças, espera-se que essa violência e agressividade sejam controladas.
Os professores deveriam ser mais bem treinados para lidar com as necessidades das crianças.
Diante disso, é necessário dispor de ambiente em que as crianças possam trabalhar bem. A sala de aula apertada, muito quente, barulhenta, faz com que as crianças fiquem mais agitadas e o professor, estressado.
Em condições muito adversas, como muitos professores trabalham, fica difícil controlar os impulsos. Mas não se pode usar violência contra a criança, isso é imperdoável.
Que condições adversas?
Condições de trabalho como número adequado de crianças em sala de aula, salário que permita a ele ter um emprego e dar aula em um único período.

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