quarta-feira, 8 de julho de 2009

Escola usa professor para promover produto

Tenho certeza que muitos professores fazem isso, não porque acreditam nas ações, mas sim porque precisam do emprego. Já não basta um ofício difícil que é o de educador, agora acrescenta ser garoto-propaganda, onde as redes de ensino, utilizam a qualidade e seriedade do profissional, para estabelecer verdades absolutas para vender produtos. Duvido que ninguém ganha nada, todo mundo faz porque gosta e de graça. Tá, em escola particular, conversa para boi dormir.
Fonte: DANIEL BERGAMASCODA REPORTAGEM LOCAL - Folha de São Paulo - 08/07/2009
As redes COC e Dom Bosco, que formam um dos maiores grupos educacionais do país, transformaram seus 4.800 professores em garotos-propaganda de empresas.As escolas encaminharam ao mercado publicitário uma proposta de parceria na qual dizem que os professores -"promotores de sua marca"- podem atuar em ações de merchandising nas portas de vestibulares nas quais distribuem brindes patrocinados (como chocolates, sucos e chicletes) e vestem camisetas com as marcas.Além disso, em sala de aula, os docentes podem dar produtos com cartões de boas-vindas na volta às aulas ou distribuir atividades extracurriculares no ensino infantil com o logotipo do patrocinador.Recentemente, por exemplo, alunos do COC ganharam biscoitos recheados que acompanhavam um jogo de formar palavras trazendo impressa a marca da guloseima. Em outras ocasiões, fabricantes de chocolate distribuíram amostras com o objetivo de "dar energia" aos estudantes.O SEB (Sistema Educacional Brasileiro), que reúne as duas redes e soma 27 unidades próprias e mais de mil associadas pelo país - afirma que não cobra nada do patrocinador e que é extremamente seletivo com os produtos parceiros.Afirma que a ideia do projeto é agradar aos estudantes com a distribuição dos produtos, criando um envolvimento maior com ações da escola."É um merchandising sutil", diz Vagner Aguilar, diretor de marketing do grupo SEB, citando as ações que ocorrem nos vestibulares. "O aluno se sente amparado: "Que legal que a escola e essas empresas pensaram na minha prova"."Para ser aprovada, conta Aguilar, a ação deve ter "contexto pedagógico" ou ser feita em ocasiões especiais, como "Dia dos Pais", início da primavera e a "volta às aulas".O diretor de marketing da rede, que tem cerca de 400 mil alunos, diz que esse tipo de ação "funciona muito" para a marca e é boa para a escola, "pois coloca o aluno em contato com as novidades do mercado".Ele diz, por exemplo, que em uma ação de Dia das Mães exigiu da "empresa parceira" (uma rede de cosméticos) a distribuição de miniaturas de um perfume que não estava ainda nas lojas. Para acompanhar a novidade, as crianças criariam um cartão comemorativo à data.Mãe aprovaVitor Paro, professor da Faculdade de Educação da USP, critica as ações do gênero e, em especial, o envolvimento dos professores."Isso só mostra como a profissão está degradada. É um absurdo. O que o professor fala em sala de aula é tido como verdade pelos alunos", afirma.A fisioterapeuta Marcia Fernandes, 46, mãe de três alunos numa escola COC de Ribeirão Preto, discorda do educador e elogia a iniciativa."Quem não gosta de ganhar brinde? Outro dia, meus filhos ganharam uma bolachinha na escola que eu nunca tinha comprado. Gostei e fui ao supermercado para comprar mais."O diretor de marketing do SEB afirma que as ações do grupo não são publicidade e que os professores da rede não recebem remuneração extra por participar delas."O business da escola é formar cidadãos. Não dá para vender produtos dentro da escola. Não distribuímos cupons de desconto, por exemplo", afirma Aguilar.

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