sexta-feira, 22 de maio de 2009

Quatro em cada dez alunos que retomam os estudos abandonam seus cursos

Acredito também que falte políticas públicas destinadas a esta modalidade de ensino, afinal de contas a necessidade deste grupo de alunos é em boa parte diferente de quem estuda os níveis de ensino de forma regular. A EJA acaba sendo um curso amarrado e não atende as demandas dos alunos, por isso a evasão. O governo precisa olhar e entender melhor as necessidades da EJA.
Fonte: 22/05/2009 - 10h00 - Simone Harnik - UOL educação -Em São Paulo
Concluir os estudos de ensino fundamental e médio parece uma tarefa árdua para os jovens e adultos que não fizeram as aulas na idade ideal: quatro em cada dez abandonam cursos de EJA (Educação de Jovens e Adultos). É isso que mostra uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): 42,7% dos adultos que procuraram a EJA até 2007 largaram os estudos - o que corresponde a mais de 3,4 milhões de pessoas.
  • Mais de 80% estão preocupados com trabalho
  • Educação de jovens e adultos é mais frequente entre mais pobres
  • IBGE: informática é o curso profissional mais procurado
  • Nordeste tem jovens e adultos com escolaridade mais baixa
  • As informações são de um suplemento da Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado nesta sexta-feira (22). Na Pnad 2007, a mais recente pesquisa publicada pelo IBGE, foram pesquisadas 399.964 pessoas em 147.851 residências, distribuídas por todo o país. O estudo mostra que, das pessoas que saíram da educação de jovens e adultos, apenas 4,3% conseguiram concluir a primeira parte do ensino fundamental (1ª a 4ª série); 15,1% terminaram o segundo ciclo do ensino fundamental (de 5ª a 8ª série); e 37,9% finalizaram o ensino médio.

    Motivos do abandono

    O principal motivo para o abandono do curso para a maioria dos entrevistados foi a dificuldade de encaixar o horário das aulas com o horário de trabalho (ou de procurar trabalho). Ao todo, 27,9% das pessoas pesquisadas alegaram esta causa. Em segundo lugar, com 15,6% das respostas, aparece a falta de interesse em fazer o curso. Também aparecem nas razões para a desistência a incompatibilidade do horário das aulas com o dos afazeres domésticos (13,6%), a dificuldade de acompanhar o curso (13,6%), a inexistência de curso perto de casa (5,5%), a falta de curso perto do trabalho (1,1%), falta de vagas (0,7%) e outros motivos (22,0%).

    Razões para fazer o curso

    Quem procurou a EJA tinha principalmente a intenção de retomar os estudos (43,7%). Em segundo lugar, apareceram os que queriam melhores oportunidades de trabalho (19,4%). Depois, há ainda os que buscavam adiantar os estudos (17,5%) e conseguir um diploma (13,7%). Quando foi feito o levantamento, 2,9 milhões de pessoas de 15 anos ou mais faziam EJA. Estavam no primeiro ciclo do ensino fundamental 23,9%% dos estudantes; no segundo ciclo, 40%; e no ensino médio, 36,1%.

    Alfabetização de adultos

    Cerca de 2,5 milhões de pessoas faziam a AJA (Alfabetização de Jovens e Adultos), em 2007, quando foi realizado o levantamento. Naquele ano, a taxa de analfabetismo atingia 10% dos brasileiros com 15 anos ou mais - o que representa aproximadamente 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, somente dois em cada dez analfabetos estudavam. Cerca de 45% do 1,8 milhão de alunos que frequentavam as aulas de alfabetização declararam não saber ler e escrever um bilhete simples. A região Nordeste, onde se concentrava mais da metade dos analfabetos do país (7,5 milhões), de acordo com a Pnad 2007, foi a que teve mais estudantes de AJA: 1,3 milhão de pessoas. Apresentaram menores números de participantes de AJA as regiões Sul (265 mil pessoas), Centro-Oeste (125 mil) e Norte (169 mil). Aprender a ler e a escrever foi o que motivou 66% dos estudantes a buscarem o curso de alfabetização. As outras razões foram retomar os estudos (21,8%), conseguir melhores oportunidades de trabalho (7,9%), e outros motivos (4,3%).

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