quinta-feira, 28 de maio de 2009

Livro para adolescentes é entregue a crianças em (escola estadual) SP

Primeiramente é importante deixar claro que o programa Ler e Escrever, de fato, estabelece excelentes parâmetros e tem contribuido com a melhora do processo de alfabetização e letramento, é um material facilitador e orientador e organiza uma rede imensa que é a estrutura da SEE/SP, contudo, nada se justifica, alguém precisa esclarecer os critérios de avaliação, escolha e compra, ou orientar melhor quem realiza este processo, lembrando que é alguém comissionado, ou seja está nesta função porque foi escolhido por alguém e provavelmente deve seguir a cartilha do governo, por isso não acredito em boicote, pois não é alguém que não tem compromisso com o governo que faz a seleção. Então, o governo precisa criar uma melhor forma de comissionar, quem sabe fazendo provas como quer fazer com os professores OFAs que não são concursados, talvez cobrando e exigindo mais, os resultados serão melhores, nesse sentido tento estabelecer o raciocínio de lógica que o governo faz ao propor o processo seletivo. Fonte: Folha de São Paulo - 28/05/2009 - Fábio Takahashi - Da reportagem local O governo de São Paulo enviou a alunos de terceira série (faixa etária de nove anos) um livro feito para adolescentes, que possui frases como "nunca ame ninguém. Estupre". A coletânea de poesias faz parte do mesmo programa de melhoria da alfabetização que teve um livro recolhido por conter palavrões e expressões de conotação sexual: "Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol", também distribuída para a terceira série. A nova obra, "Poesia do Dia -Poetas de Hoje para Leitores de Agora", foi enviada às escolas há cerca de duas semanas para ser usada como material de apoio. Foram distribuídos 1.333 exemplares. "Não é para crianças de nove anos. São várias ironias, que elas não entendem", afirmou o escritor Joca Reiners Terron, autor do poema mais criticado por professores da rede, chamado "Manual de Auto-Ajuda para Supervilões". Alguns dos versos são "Tome drogas, pois é sempre aconselhável ver o panorama do alto"; e "Odeie. Assim, por esporte". "Espero que o Serra [governador José Serra] não ache o texto um horror, como ele disse do outro livro. Horror é quem escolhe essas obras para crianças", disse Terron. Em nota, a direção da Abril Educação (responsável pela Ática) afirma que o livro é recomendado para adolescentes de 13 anos, "indicação reforçada na contracapa, na apresentação e no suplemento ao professor". Após questionamento da Folha, a Secretaria da Educação da gestão José Serra (PSDB) decidiu ontem retirar os livros das salas de aula. Os exemplares, no entanto, permanecerão nas escolas, para consulta de alunos mais velhos. O entendimento é que os assuntos do poema devem ser abordados na escola, mas com supervisão de um especialista. A secretaria não esclareceu como é feita a escolha dos livros. A sindicância aberta para apurar o caso do outro livro ainda não foi concluída. Críticas
Professor da Faculdade de Educação da USP, Vitor Paro afirma que a escolha do livro para crianças de nove anos "é produto da incompetência e ignorância do governo". "Por que os livros só foram retirados após o jornalista questionar? A análise não deveria ter sido feita antes?", diz. A coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Angela Soligo, classifica como "um horror" o poema. "Tem uma ironia que talvez só o adulto entenda. É totalmente desnecessário para uma escola." "Já é o segundo caso. Os professores ficam inseguros com o material", disse ela. Secretaria diz que programa requer "ajustes"
A Secretaria da Educação admitiu que o programa Ler e Escrever, que usa os livros criticados, precisa de "ajustes". Afirmou, porém, que o projeto tem tido bons resultados -cada aluno, diz, poderá ter acesso a até 200 títulos. Sobre a nova obra criticada, afirma que ela se refere a assuntos que "o noticiário aborda, as crianças estão expostas". "A escola precisa tratar desses temas. Mas com supervisão", afirmou a diretora de projetos especiais da FDE (fundação da secretaria responsável pela compra), Claudia Aratangy. A Folha solicitou entrevista com o secretário Paulo Renato Souza, mas não foi atendida. Durante a entrevista, na tarde de ontem, Aratangy disse que analisava retirar o livro das salas de terceira série e deixá-lo para os alunos mais velhos, com supervisão. Mais tarde, a assessoria de imprensa afirmou que a decisão já havia sido tomada. "O poema é uma ironia, não está incentivando uso de drogas ou os crimes. Mas ele precisa de uma mediação para ser lido", afirmou Aratangy. Questionada se o critério não deveria ter sido definido antes do envio do material às escolas, ela afirmou que "foi feita análise, mas algumas coisas passaram".

Um comentário:

  1. Lamentável a burocracia ineficaz do sistema educacional. Uma literatura que tem conteúdo irônico ou de duplo sentido cuja aplicação da mediação necessária é questionável, considerando o sistema vigente, com estrutura defeituosa, onde se escolhem livros que nem são lidos por quem os comprou. E o custo de tudo isto, não fica de graça. São recursos que se acabaram na falha de escolha.

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